Ok, estava devendo alguma coisa de Portishead pra esse blog. Confesso que é uma das bandas que mais gosto e sou extremamente suspeito pra falar dela. Então, vamos à enrolação básica. O Portis (para os íntimos) é uma banda britânica de uma coisa chamada trip-hop. In fact, o trip-hop surgiu na primeira metade da década de 90 em uma região da Inglaterra, perto da/na cidade de Bristol. Curiosamente, todos os nomes que fundaram a cena vêm de lá. O nome Portishead, aliás, é um distrito da cidade de Bristol. Os Portis, junto com o Massive Attack (outra banda que devo um post) e Tricky (que começou no Massive e depois seguiu carreira solo), ajudaram a fundar e a consolidar esse ritmo estranho, utilizando sintetizadores e baixa RPM. No Portishead, essas características foram ainda unidas à voz perfeita da vocal Beth Gibbons e dos arranjos de Geoff Barrow.
Apesar de homônimo, este não é o primeiro álbum da banda, sendo este título do álbum Dummy, de 1994. O Dummy, com a música Glory Box, foi quem tornou o Portishead conhecido mundialmente. Agora, confissão de fã: a Glory Box é, com certeza, a música mais conhecida deles, mas nem de longe é a melhor. Portanto, desconfie se você encontrar algum "fã" da banda que diz que esta é a melhor música ever. Provavelmente, ele/ela só ouça Portishead como "música ambiente" para sexo ou algo do tipo. Sim, Portishead é bastante associada ao sexo, mas limitar a bnda a estes momentos é desperdício.
Considero este o álbum de estúdio mais perfeito da banda, perdendo apenas o posto de melhor álbum pra o Roseland Ballroom, o álbum ao vivo que eles gravaram em 1998, que eu postarei depois. O mais incrível deste álbum é que até as músicas comerciais são muito boas. É o caso de All Mine, a faixa que abre a bolacha. Apesar de que após você ouvir o disco todo, você percebe que esta é apenas uma espécie de introdução ao mundo sombrio e intimista do trio britânico. Cowboys já te leva a um novo nível, com a voz cheia de efeitos e uma bateria cadenciada.
Porém, considero que é em Elysium que a coisa começa a ficar divertida. Enquanto ela (e você!) se arrasta lamuriosamente pelo refrão "But you can't deny how I feel / And you can't decide for me", você se vê envolvido em uma cortina de fumaça, onde tudo começa a girar. Apesar de Half Day Closing dar uma "trégua" momentânea à psicose, a música seguinte trás toda a magnitude que a banda pode criar. Humming é aquela música que te envolve, te aperta o coração, aquele arrepio que percorre todo o corpo desde o primeiro som (na verdade, se arrepiar é uma coisa constante quando se ouve Portishead). Não tem como negar toda a sensualidade e tesão que emanam dessa música. Tudo nessa música é perfeito, sufocantemente belo. Até o clip:
Após o carrocel sensual de Humming, Mourning Air vem para lembrar que o mundo não é esse gozo sexual todo. Muito pelo contrário, é uma manhã cinza de sábado, em que o ar viciado carrega lembranças e medos. Já Only You, eu considero como uma música realmente romântica, a despeito de tudo. "It's only you who can turn my wooden heart" é uma declaração de amor legítima, em que até a atmosfera se mostra confessional.
Over é outra daquelas músicas que te arrepiam desde o primeiro acorde. Ainda que simples, uma nota só, sua repetição, cadência e solidão harmônica fazem com que tudo pareça perdido, especialmente se você lembra o nome da música. Já Seven Months é uma aliviada para as próximas duas últimas músicas do disco. Ela sempre me lembra uma queixa, mas em tom de brincadeira. Undenied, por sua vez, é séria, soturna, e assim como Over e Humming, arrepia ao começo. Um piano acompanha a música e transforma tudo quase como um sonho...
Ou pesadelo. É como a triste resignação de descobrir-se apaixonado, mas não poder ter a pessoa amada. Aquela necessidade de continuar, mesmo sem vontade. E você continua, até cair em Western Eyes, última música do disco, e última música da vida para aqueles com coração frágil para emoções. O piano de Undenied continua aqui, mas agora ele fere mais do que embala. Enquanto que na música anterior, ele tinha algo de romântico, aqui ele é fatal, como o badalar de um relógio, marcando o passar do tempo, aquele que tudo corrói. "Yes i'm breaking", cantado por aquela voz arrastada, enquanto você automaticamente pensa "I'm breaking too"...
Para aqueles que têm alguma dúvida sobre baixar ou não este disco, só mais uma informação: na época, foi o único disco de 97 a dar testa no Ok Computer, do Radiohead.
Artista: Portishead
Álbum: Portishead
Ano: 1997
Nacionalidade: UK
Gravadora: GO! Beats Records
Tracklist:
01 - All Mine
02 - Cowboys
03 - Elysium
04 - Half Day Closing
05 - Humming
06 - Mourning Air
07 - Only You
08 - Over
09 - Seven Months
10 - Undenied
11 - Western Eyes
O vocal (e a vocalista) me atraíram, bela voz, ainda não conhecia a banda.
ResponderExcluirSó não curto muito o ritmo, mas é gostoso de se ouvir. Quando puder (net ruim) baixarei.
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ResponderExcluirConheci a pouco a banda e estou apaixonada...nao paro de ouvir
ResponderExcluirResenha ótima!Daria mais ênfase a Western Eyes,que pra mim é a masterpiece deles.Você só errou na tracklist do álbum (é,já deve ter percebido isso há um bom tempo,rs).Também caí nessa da ordem alfabética e fiquei nela por um bom tempo.
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