Bom, essa é a primeira "resenha" que eu faço de um disco mais pesado, portanto, perdoem as falhas já tidas como certas....
Conheci essas crianças há algum tempo, por conta do também ótimo disco Kezia, de 2005, e os meninos vêm melhorando a cada disco. A banda é canadense, surgiu em 99, mas os dois primeiros trabalhos são bem fraquinhos (pronto, falei!). A partir do Kezia as coisas começam a mudar e eles vêm evoluindo a olhos vistos, sendo esse Scurrilous o último trabalho dos "muleque". A banda é formada por Tim Millar na guitarra "base", Rody Walker nos vocais, Arif Mirabdolbaghi nos baixos, Moe Carlson na batera e Luke Hoskin na guitarra "solo" (da esquerda para a direita nesta foto abaixo).
Tô dizendo que essas pragas eram muleques quando gravaram o Kezia... |
Esse disco foi lançado em 2011, e mostra um amadurecimento muito maior da banda. Os vocais são limpos, sem os guturais e rasgados do Fortress, e o instrumental é mais bonito que em Kezia. Sem dúvida, uma prova do amadurecimento deles nestes últimos 3 anos. A primeira música de trabalho é a C'est La Vie, primeira do disco, logo abaixo. O clip desta música mostra igualmente como a banda está mais madura, com assuntos mais sérios e sombrios (só ver o clip de Limb for Limb, do disco Fortress, pra entender a diferença). Os momentos sem vocais são preenchidos com guitarras muito bem trabalhadas e no local certo, sem querer uma atropelar a outra.
A bolacha começa com C'est la Vie (calma, a música não é em francês, mas até q eles podiam, já que são canadenses, sei lá), e já começa com um som bastante pesado e veloz. As paradinhas típicas do metalcore estão aqui presentes, mas não são quebradas com lá. O belo vocal do Rody aparece ao melhor estilo heavy metal nessa música, ele usa e abusa dos falsetes, com belas passagens com voz limpa. Claro que ela não fica o tempo todo a 170km/h, e os momentos mais lentos são muito belos também. Segue clip, logo abaixo:
A próxima, Hair Trigger, é uma música muito legalzinha. Ela começa com umas guitarrinhas progs, cai pra uma coisa mais speed, mas nunca mantêm o ritmo por muito tempo, ao contrário da C'est la Vie. Ela sempre tem umas caídas, sempre com uma guitarra fazendo uma escala pra cá, uma coisinha pra lá. Aliás, a letra me lembra uma história de amor, algo do tipo. Claro que do jeito meio bizarro deles ( 'Till I can breathe her / 'Till I can leave her). Ah, sim! É nessa música que a bela voz da Jadea Kelly aparece pela primeira vez nesse disco (ela participou do Kezia, e não lembro se do Fortress, segundo trabalho dos caras, tb). É muito bonitinho quando ela entra cantando "What about those rainy nights in London", e o finalzinho em que eles ficam apenas repetindo a palavra "cold" com um baixo lançando slaps violentos ao fundo mostra como a banda que era rotulada de metalcore soube crescer e absorver novos elementos ao seu som.
Tandem |
Tandem é uma música estranha. À primeira vista ela me pareceu uma música de revolta, mas refletindo mais profundamente sobre ela, acho que ela é mais uma música sobre boas pessoas, sobre amizades e ajuda ao próximo, sobre como podemos ter nossos problemas e demônios, mas podemos seguir sendo "bons", ajudar quem precisa e ser a pessoa que vai atrás nas tandens da vida, equilibrando e dando força a quem precisa. Curto as diferentes formas que o Rody repete certas frases, mas de formas diferentes. E o final sempre me deixa arrepiado...
Moonlight deve ter sido feita em um quarto de hotel à beira de estrada, ou em vários hotéis de beira de estrada. Um provável clip dela poderia ser gravado todo dentro de um quarto e, pensando bem, é uma musiquinha bem comercial. Ou seria, se não fosse bem Protest the Hero. Uns solinhos, umas caidinhas q não são do gosto do mainstream. Perto do finalzinho, um contratempo bem interessante, guitarras escalando, é uma música feita pra ser chiclete.
Tapestry é a música mais ácida do disco. O vocal é quase todo rasgado, antes do fim do primeiro minuto há uns vocalizes bem interessantes seguindo a bateria, coisa semelhante ao feito em Bloodmeat, do segundo cd dos caras. Um solinho de guitarra acompanhado de um teclado ao fundo, mais escalas, tudo se encaixando muito bem.
Aqui cabe uma explicação: a maior música do disco é Tandem, de 5:15. Apesar das influências progs, eles não se perdem em solos intermináveis ou notas tão lentas que dá vontade de dormir. As escalas são constantes em todas as músicas (lógico, duas guitarras servem pra isso), mas não é algo que atropele o vocal, nem cubra o espaço para que a bateria ou o baixo tenham seu brilho.
Aliás, é por este ponto que eu considero esse disco uma evolução sobre os outros dois. Enquanto no Kezia eles estão experimentando eles mesmos, vendo do que são feitos, mas ainda dentro de um estilo mais genérico, e em Fortress eles experimentam seu som, vendo até que ponto eles podem inovar, em Scurrilous, temos uma banda que define muito bem o que quer fazer, e faz com uma competência muito grande. Não temos a sensação de que uma escala foi colocada pra experimentar como ficaria, temos a impressão de que foi tudo bem pensado desde o começo.
Dunsel fala sobre amadurecimento, sobre ir corrompendo-se, perdendo certas coisas e mantendo outras durante a vida. Quebra totalmente a acidez da Tapestry, é uma música que não tem tantas variações, tirando o final. The Reign Of Unending Terror mantêm a acelerada que o final de Dunsel dá, mas a partir desse momento o disco começa a mostrar-se um mais do mesmo. Felizmente o disco todo tem aproximadamente 44 minutos, o que impede que o ouvinte se canse.
Termites, popularmente conhecidos como CUPINS!!! |
Termites dá uma acordada pra quem tava se perdendo no ritmo do disco. As variações de ritmo que ela têm dão novo ar ao disco como um todo, diferente das duas últimas. Os vocais em coro ajudam e anima a cantar junto, é uma música no local certo dentro do disco. Depois de descobrir o significado do nome dessa música, imagino ela sendo tocada numa casa de madeira, sendo comida por cupins, à beira de um precipício. Tongue-Splitter é uma música neurótica, um lunático verborragiando num ponto de ônibus enquanto tem tiques nervosos, piscando o olho e virando o pescoço rapidamente, igual o Brad Pitt, na pele do Jeffrey Goines, o lunático do filme Os 12 Macacos.
Sex Tapes fecha o disco muito bem. Após se recuperar da monotonia que Dunsel e The Reign of Unending Terror, o disco segue com a mesma qualidade do começo, com os vocais de Rody ajudado por mais alguém que não consegui definir quem (acho que é a voz do Tim Millar, não sei mesmo). Mudanças de ritmos diferentes das outras músicas, instrumentos bem limpos e um finalzinho só com a banda em fade out dão ao Scurrilous um fim merecido, e uma vontade de ouvir de novo, imaginando onde esses caras vão parar.
Se depender da qualidade musical deles, eles vão muito mais longe do que já foram....
Artista: Protest the Hero
Álbum: Scurrilous
Ano: 2011
Nacionalidade: Canadá
Gravadora: Vagrant Records
Tracklist:
01 - C'est La Vie 02 - Hair-Trigger 03 - Tandem 04 - Moonlight 05 - Tapestry 06 - Dunsel 07 - The Reign Of Unending Terror 08 - Termites 09 - Tongue -Splitter 10 - Sex Tapes |
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